sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Psicologia Esportiva


As imagens mentais têm sido bastante usadas pela Psicologia Esportiva, especialmente para melhorar a motivação e o desempenho. Várias pesquisas atestam que imaginar a performance de uma habilidade esportiva específica traz a melhora física dessa habilidade (UTAY, 2006).

A imaginação também tem sido utilizada para reduzir a dor em processos de cura e para limitar a perda da força e da mobilidade em atletas imobilizados. Por exemplo, em pesquisa realizada por Newson, Knight e Balnev (2003 apud UTAY, 2006), atletas imobilizados que participaram da pesquisa usando imagens mentais não apresentaram mudanças significativas na flexão e extensão do pulso durante a imobilização, enquanto atletas que não usaram a imaginação apresentaram um decréscimo significativo na flexão e extensão do pulso.

UTAY, J.; MILLER, M. Guided imagery as an effective therapeutic technique : a brief review of its history and efficacy research. Journal of instructional psychology, v. 33, n. 1. mar. 2006.

Hipnoterapia

Na Hipnoterapia o emprego da imaginação é muitas vezes usado no “aprofundamento”, após relaxamento e indução da hipnose e no retorno do transe hipnótico. Segundo Dowd (2002, p. 622) “as sugestões são mais eficazes quando se emprega a imaginação”.
Exemplos:

· Técnica da escada – o indivíduo se imagina descendo uma escada, e a cada degrau que desce, mais se aprofunda no transe. Para sair do transe, se imagina subindo os degraus.

· Técnica do mergulho – o sujeito se imagina mergulhando no mar, cada vez mais fundo, enquanto se aprofunda cada vez mais no transe. Para sair do transe se imagina subindo para a superfície.

A imaginação também é usada na hipnoterapia para a eliminação de problemas, hábitos ou transtornos não desejados.

DOWD, E. Thomas. Hipnoterapia. In: CABALLO, Vicente E. (Org.). Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento. 2. ed. São Paulo : Santos, 2002. p. 609-628.

Treinamento Autógeno


O Treinamento Autógeno foi desenvolvido por Shultz, a partir de pesquisas das vivências ópticas dos estados hipnóticos e suas sensações corporais gerais. Segundo seu criador, o Treinamento Autógeno se baseia no conceito antigo de “auto-hipnose” e tem grande valor como método para se obter “pausas profiláticas de repouso” (SHULTZ, 1950, p. 27).

De acordo com Vera e Vila (2002, p. 160), o relaxamento autógeno de Shultz (1932) consiste de uma série de frases elaboradas com a finalidade de induzir no sujeito estados de relaxamento através de auto-sugestões sobre:

1. sensações de peso e calor em suas extremidades;
2. regulação das batidas de seu coração;
3. sensações de tranqüilidade e confiança em si mesmo;
4. concentração passiva em sua respiração.

A imaginação é utilizada no decorrer do processo, para, por exemplo, visualizar imagens de calor e peso, como segue: “visualize sua mão e braço direitos em um lugar quente, ao sol, veja como os raios de sol descem e tocam sua mão e braços direitos” (VERA; VILA, p. 161).


SCHULTZ, Johannes Heinrich. O treinamento autógeno. São Paulo : Mestre Jou, 1950.

VERA, M. Nieves; VILA, Jaime. Técnicas de relaxamento. In: CABALLO, Vicente E. (Org.). Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento. 2. ed. São Paulo : Santos, 2002. p. 147-165.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Terapia Comportamental

Na Terapia Comportamental as imagens são empregadas em muitas técnicas. Na verdade, segundo Caballo e Buela-Casal (2002, p. 712), "praticamente todas as técnicas verbais podem adaptar-se a procedimentos de visualização de imagens. Para muitos pacientes o melhor enfoque é entremear procedimentos verbais e imagens, já que a combinação produz maiores mudanças do que a utilização de um só enfoque".

A seguir os principais tipos de imagens utilizadas na Terapia Comportamental, de acordo com Caballo e Buela-Casal (2002, p. 713):

1. Imagens de enfrentamento, nas quais os pacientes imaginam a si mesmos enfrentando com êxito as situações difíceis. São usadas para corrigir o pensamento passivo, de evitação.

2. Imagens relaxantes, que incluem cenas da natureza e visualizações sensuais. São empregadas para opor-se a pensamentos ansiosos, produtores de temor.

3. Imagens de aptidão, nas quais os pacientes se imaginam realizando tarefas perfeitamente. São utilizadas para opor-se a pensamentos irracionais de fracasso e desamparo.

4. Imagens nocivas, que se utilizam no condicionamento aversivo, de fuga ou evitação, para opor-se a comportamentos negativos.

5. Imagens idealizadas, que se empregam quando os pacientes não são capazes de pensar em seus objetivos finais (por exemplo, “o que você quer estar fazendo dentro de 10 anos?”).

6. Imagens recompensadoras, usadas para reforçar o pensamento realista (por exemplo, “imagine o seu chefe vestido de pato, grasnando”).

Alguns exemplos de técnicas comportamentais são:

1. Técnica da imaginação emotiva, que consiste no emprego de imagens emotivas inibidoras da ansiedade, como por exemplo, imagens que ativem sensações de orgulho, serenidade, afeto, alegria, auto-afirmação, etc. Segundo Lazarus (1985 apud CABALLO, 2002) esta técnica é especialmente útil com crianças que sofrem de fobia.

2. Técnica da imaginação racional emotiva (IRE), usada por Albert Ellis e outros terapeutas comportamentais para modificar as percepções gerais do paciente. Nesta técnica o paciente deve visualizar detalhadamente situações que tenham sido desagradáveis e identificar os sentimentos associados a elas. Em seguida são usadas estratégias para modificar estes sentimentos (MCMULLIN, 2005, p. 176).


CABALLO, Vicente E.; BUELA-CASAL, Gualberto. Técnicas diversas em terapia comportamental. In: CABALLO, Vicente E. (Org.). Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento. 2. ed. São Paulo : Santos, 2002. p. 685-718.

McMULLIN, Rian E. Manual de técnicas em terapia cognitiva. Porto Alegre : Artmed, 2005.
MEN

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Terapia Cognitiva

Na Terapia Cognitiva as técnicas com imagens mentais são utilizadas tanto em transtornos de ansiedade quanto em transtornos de personalidade.

De acordo com Beck & Emery (1985 apud BECK, 1997, p. 235), muitas pessoas experimentam “pensamentos automáticos” não apenas como palavras não faladas em sua mente, mas também em forma de figuras ou de imagens mentais. A terapia cognitiva ensina os pacientes identificarem essas imagens espontâneas, que segundo Beck (1997) são com freqüência breves e perturbadoras, e intervir terapeuticamente tanto com elas como com imagens induzidas.

Segundo Beck e Freeman (1993, p. 69), "simplesmente falar sobre um evento traumático pode dar um insight intelectual sobre por que o paciente tem uma auto-imagem negativa, por exemplo, mas de fato não modifica a imagem. Para modificar a imagem, é necessário retornar no tempo, recriar a situação tal como era. Quando as interações são trazidas à vida, a construção errônea é ativada – juntamente com o afeto – e a reestruturação cognitiva pode ocorrer."

Judith Beck descreve vários exemplos de técnicas utilizadas na terapia cognitiva, no livro “Terapia cognitiva: teoria e prática” (1997, p. 239): “seguindo as imagens até sua conclusão”, “seguindo a frente no tempo”, “enfrentando o conflito na imagem visualizada”, “alterando a imagem visualizada”, “testando a realidade da imagem”, “repetindo a imagem”, “substituindo, interrompendo e distraindo-se das imagens”.

A visualização mental também é usada na técnica do “ensaio cognitivo”, que se refere ao ensaio detalhado e imaginário de uma determinada tarefa, como por exemplo, sair de casa ou vencer o medo de falar em público (FEILSTRECKER; HATZENBERGER; CAMINHA, 2003).

BECK, Aaron; FREEMAN, Arthur. Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Tradução Alceu Edir Fillman. Porto Alegre : Artes Médicas, 1993.

BECK, Judith S. Terapia cognitiva : teoria e prática. Porto Alegre : Artes Médicas, 1997.
FEILSTRECKER, N.; HATZENBERGER, R.; CAMINHA, R. M. Técnicas cognitivo-comportamentais. In: CAMINHA, Renato Maiato; WAINER, R.; OLIVEIRA, M.; PICCOLOTO, N. M. (Org.). Psicoterapias cognitivo-comportamentais : teoria e prática. São Paulo, 2003.

Gestalterapia

A Gestalterapia também se utiliza de diversas técnicas de imaginação. Em seu livro “Descobrindo crianças: uma abordagem gestáltica com crianças e adolescentes”, Violet Oaklander (1980) dá vários exemplos de técnicas nas quais são usadas visualizações, como as “viagens imaginárias de fantasia”, conduzidas pela terapeuta, e técnicas em que o indivíduo imagina que é um órgão de seu próprio corpo, ou uma figura que desenhou ou modelou em argila e fala como se sente e o que pensa neste papel.


OAKLANDER, Violet. Descobrindo crianças : abordagem gestáltica com crianças e adolescentes. São Paulo : Summus, 1980.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Imaginação Ativa


A Psicologia Analítica, de Carl Gustav Jung, propõe a “imaginação ativa” como uma maneira dialética particular de lidar com o inconsciente. Esta técnica consiste em quatro fases: libertar-se do fluxo de pensamento do ego; deixar que uma imagem de fantasia do inconsciente flua para o campo da percepção interior; conferir uma forma à imagem relatando-a por escrito, pintando-a, esculpindo-a, escrevendo-a como uma música ou dançando-a; confrontar-se moralmente com o material produzido/imaginado (FRANZ, 1999).

Durante a “imaginação ativa” não existe uma meta que obrigatoriamente tenha que ser atingida, nenhum modelo, imagem ou texto a ser usado, nenhuma postura ou controle da respiração são recomendados, o paciente não se deita e nem o terapeuta participa das fantasias.

A pessoa simplesmente começa com o que vem de dentro dela, com uma situação de sonho relativamente inconclusiva ou uma momentânea modificação do estado de espírito. Se surge um obstáculo, a pessoa que medita é livre para considerá-lo ou não como tal; é ela que resolve como deve ou não reagir diante dele (FRANZ, 1999, p. 179).

FRANZ, Marie-Louise von. Psicoterapia. São Paulo : Paulus, 1999.

Imaginação


De acordo com o dicionário Houaiss (2002) o verbo imaginar significa formar imagem mental de algo não presente; criar na imaginação; idear. Descobrir, criar (algo abstrato); idear, fantasiar, inventar. Fazer idéia de (algo, alguém ou de si mesmo); visualizar(-se). O substantivo imaginação, segundo o mesmo dicionário, é a faculdade que possui o espírito de representar imagens. Capacidade de evocar imagens de objetos anteriormente percebidos. Capacidade de formar imagens originais. Faculdade de criar a partir da combinação de idéias; criatividade.

A visualização ou imagem mental é, segundo Epstein (1989), a mente pensando por meio de imagens. Para Achterberg (1985) apud Carvallho (1994), a imagem é o processo de pensamento que evoca o uso dos sentidos – visão, audição, olfato, gustação, o sentido do movimento, posição e toque. É o mecanismo não-verbal e não-lógico de comunicação entre a percepção, a emoção e a mudança corporal. As imagens mentais são o conteúdo da imaginação.

Não estamos acostumados com esse tipo de pensamento (por imagens), pois o pensamento lógico ganhou precedência sobre os demais a partir do século XVII, por ser a base da ciência (EPSTEIN, 1989). A metodologia científica clássica fez com que a ciência médica se afastasse do pensamento não-lógico, não-verbal, não-linear.

Entretanto, a utilização médica da imaginação por intermédio das imagens é comum em várias culturas no decorrer da história. Segundo Carvalho (1994, p.162), "na medicina primitiva, nos feiticeiros ou shamans, o uso da visualização era comum e freqüente. Desde as mais remotas informações sobre curas na China, no século XVIII a.C., no antigo Egito, no Tibet, nos oráculos gregos, na África e entre os esquimós, encontramos relatos sobre o uso da visualização. sclepius, Aristóteles, Galeno e Hipócrates, considerados pais da medicina ocidental, usavam visualizações para o diagnóstico das doenças e para os tratamentos. Nos indígenas norte-americanos e sul-americanos, o uso das imagens mentais é comum até hoje nos seus rituais de cura".

No início do século XX métodos de imagens mentais começaram ser usados para tratar principalmente problemas emocionais: Robert Desoille, médico francês, propôs a técnica do “sonho acordado dirigido” ou “sonho desperto” (rêve éveillé); Carl Gustav Jung, a “imaginação ativa”; Hans Carl Leuner, a “imaginação dirigida” (ou “imagens efetivas direcionadas”); Roberto Assagioli, a “psicossíntese”; Schultz, o “treinamento autógeno”. Mais recentemente Fritz Perls propôs trabalhos de fantasia dirigida, o psicodrama interno, desenvolvido a partir do trabalho de Moreno, a utilização da visualização na técnica comportamental de Wolpe e tantos outros.

Hoje existem também pesquisas e trabalhos clínicos utilizando a visualização como recurso terapêutico no tratamento de diferentes enfermidades, tais como as alergias, as infecções, as desordens auto-imunes, como a esclerose múltipla, a artrite reumatóide, o câncer e a AIDS (CARVALHO, 1994).


EPSTEIN, Gerald. Imagens que curam. Campinas, SP : Livro Pleno, 1989.

CARVALHO, Maria Margarida M. J. Visualização e câncer. In: _____. (Org.). Introdução a psiconcologia. Campinas, SP : Editorial Psy, 1994.

HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico da língua portuguesa. Rio de Janeiro : Objetiva, 2002. 1 CD-ROM.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Corpo X Mente


Durante trezentos anos a medicina ocidental tem separado o corpo da mente. Conforme coloca Epstein (1989), na história do mundo, nenhum outro sistema médico, incluindo a medicina ocidental anterior ao século XVII, faz essa distinção. A partir do final do séc. XIX, as conexões entre corpo e mente começam novamente a ser exploradas na psicologia comportamental, na medicina psicossomática, na psiconeuroimunoendocrinologia e na psico-oncologia[1], por exemplo. Apesar do avanço das pesquisas nesta área a questão da influência mente/corpo ainda é vista com preconceito pela medicina ocidental, apesar de o inverso, a influência corpo/mente, ser amplamente aceita e utilizada, por exemplo, por meio dos analgésicos, antidepressivos e neurolépticos.

De acordo com Carvalho (2002) enquanto na medicina oriental o homem sempre foi visto como uma unidade indivisível, no ocidente esta unidade desapareceu por um longo tempo. Na Idade Média houve uma separação entre corpo e alma e predominou a noção de que as doenças eram punições divinas. No Renascimento, a proposição de Descartes separando mente e corpo permitiu um grande avanço científico no estudo das doenças do corpo e trouxe a visão do homem como um composto de partes separadas. A visão cartesiana deu origem ao modelo biomédico, no qual as doenças podem ser explicadas por distúrbios em processos fisiológicos, que surgem a partir de desequilíbrios bioquímicos, infecções bacterianas, viróticas ou outras e independem de processos psicológicos e sociais (CARVALHO, 1998 apud CARVALHO, 2002).

Do século XVII ao XIX a medicina ocidental separou o corpo da mente, criando tratamentos específicos para as doenças físicas. No final do século XIX Freud, em seus "Estudos sobre Histeria", retoma a integração mente-corpo demonstrando que acontecimentos psíquicos podem ter conseqüências orgânicas. No século XX o modelo biopsicossocial da Medicina passa a buscar as inter-relações entre os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Em 1939 é fundada a Associação Americana de Medicina Psicossomática, termo que significa, na literatura científica atual, a inter-relação entre mente e corpo. Na década de 70 é publicada a revista de Medicina Comportamental (Journal of Behavior Medicine), cuja finalidade era a integração das pesquisas das Ciências Sociais e Biomédicas e sua aplicação nos tratamentos médicos. Em 1981 Robert Adler publica o livro Psiconeuroimunologia, dando início a uma nova disciplina que congrega a pesquisa científica do campo das interligações entre os sistemas endócrino, imunológico e nervoso. Na sua amplitude maior, a Psiconeuroimunologia visa estudar a inter-relação mente-corpo através dos mecanismos pelos quais os sistemas psicológico e fisiológico se comunicam.



[1] De acordo com a Associação Internacional de Psico-Oncologia, a Psico-oncologia é uma subespecialidade da Oncologia, que procura estudar as duas dimensões psicológicas presentes no diagnóstico do câncer: 1) o impacto do câncer no funcionamento emocional do paciente, sua família e profissionais de saúde envolvidos em seu tratamento; 2) o papel das variáveis psicológicas e comportamentais na incidência e na sobrevivência ao câncer (CARVALHO, 2002).


EPSTEIN, Gerald. Imagens que curam. Campinas, SP : Livro Pleno, 1989.

CARVALHO, Maria Margarida M. J. Psico-oncologia : história, características e desafios. Psicol. USP, São Paulo, v. 13, n. 1, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642002000100008&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 09 set. 2007.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008


“A imaginação é mais importante que o conhecimento”.

"Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela."

(Albert Einstein)

Budismo Tibetano


No Budismo Tibetano as visualizações são bastante utilizadas nas práticas de meditação. Divindades, símbolos, imagens da natureza, cores e sons associados ou não a gestos são usados para frear os turbilhões de pensamentos, tranqüilizar e despertar a devoção e sentimentos elevados.

Cabala


A Cabala é a vertente mística do judaísmo. Pode-se dizer que é um sistema religioso-filosófico que investiga a natureza divina. Kabbalah é uma palavra de origem hebraica que significa recepção.

De acordo com Kaplan (1985), numa das formas de meditação da cabala a pessoa contempla uma imagem mental que consiste em várias combinações de nomes divinos. Outro método básico de meditação da consiste em meditar sobre os pensamentos, sentimentos ou imagens mentais que aparecem espontaneamente na mente.

KAPLAN, Aryeh. Meditation and kabbalah. USA : Samuel Weiser, 1985.

Alquimia


A alquimia, de acordo com o dicionário Houaiss, era a química da Idade Média, que procurava descobrir a panacéia universal, ou remédio contra todos os males físicos e morais, e a pedra filosofal, que deveria transformar os metais em ouro.

Segundo Jung (1990, p. 290), o conceito de “imaginatio” (imaginação) tem um significado especial no “opus” (obra) alquímico. O processo de imaginação na alquimia não deve ser encarado como imagens de fantasia, mas “como algo corpóreo dotado de um “corpus” sutil de natureza semi-espiritual”. Os conteúdos inconscientes dos alquimistas eram projetados na matéria. Para os alquimistas a matéria era parte espiritual, parte física, concretização que não raro encontramos na psicologia dos primitivos. Assim sendo, a “imaginatio” ou ato de imaginar também é uma atividade física que pode ser encaixada no ciclo das mutações materiais; pode ser causa das mesmas ou então pode ser por elas causada. Deste modo, o alquimista estava numa relação não só com o inconsciente, mas diretamente com a matéria que ele esperava transformar mediante a imaginação. [...] A “imaginatio” é, pois um extrato concentrado das forças vivas do corpo e da alma (JUNG, 1990, p. 290).

Segundo Jung (1990) o conceito de “imaginatio” é talvez a chave mais importante para a compreensão do “opus” alquímico. Trata-se de “representar e realizar a “coisa maior” que a “anima” [alma], como ministro de Deus, imagina criativamente e “extra naturam” [não pertencem ao mundo empírico]” (p. 295). Jung cita o tratado alquímico De Sulphure, de autor anônimo, que fala da faculdade imaginativa da alma. Segundo este tratado a alma opera no corpo, mas a maior parte de sua função é exercida fora deste, imaginando coisas muito mais elevadas do que o corpo do mundo pode conceber; essas coisas estão alem da natureza e são os próprios mistérios de Deus. [...] O que a alma imagina acontece apenas na mente [... mas] quando ela quer tem o maior poder sobre o corpo; pois de outra forma nossa filosofia seria vã (JUNG, 1990, p. 292).

JUNG, Carl Gustav. Psicologia e alquimia. Petrópolis, RJ : Vozes, 1990.

Xamanismo


O xamanismo é uma prática religiosa, de cura e filosófica encontrada no mundo todo. Parece não haver uma origem histórica ou geográfica para o xamanismo.

Em seus livros, Carlos Castañeda fala de um método chamado pelo xamã Don Juan, de “sonho”, que segundo Franz (1999, p. 195) é uma antiga abordagem da “imaginação ativa” de Jung. Segundo Don Juan esse “sonho” é uma “insanidade controlada”. O sonho pode ser realizado de diversas formas: em grupo; através de técnicas para reentrar em sonhos (em especial os recorrentes); como forma de prever ou definir o futuro; para comunicação com seres espirituais ou guias simbólicos internos; para cura.
FRANZ, Marie-Louise von. Psicoterapia. São Paulo : Paulus, 1999.

Chi kung


Chi kung (ou Qigong) é um termo de origem chinesa que se refere ao trabalho ou exercício de cultivo da energia. Sua prática visa estimular e promover uma melhor circulação de energia vital (Chi ou Qi) no corpo. Seus múltiplos exercícios servem para desenvolver a força (física, energética, mental ou espiritual) ou para fins terapêuticos – para melhorar a saúde do praticante, ou como instrumento para tratar da saúde de outras pessoas.

Existem varias linhas de Chi kung. A maioria dos exercícios emprega visualizações (principalmente no Chi kung taoísta), direção da atenção mental, e controle respiratório. Estas técnicas são utilizadas em várias combinações em graus diversos de intensidade, e podem ou não ser combinadas com movimentos físicos.

Yoganidra


Yoga é uma filosofia de vida que se originou na Índia há mais de 5.000 anos. Yoga significa união e sua prática visa unir e integrar o corpo, a mente e as emoções.

Existem várias modalidades de Yoga, cada uma enfocando mais um aspecto do que outro. As técnicas mais utilizadas no Yoga são: Ásanas (exercícios físicos), Pranayama (exercícios respiratórios), Yoganidra (“sono lúcido”) e Meditação (sentar-se quieto e observar a si mesmo).

Yoganidra é um processo de relaxamento consciente composto de várias etapas e foi compilado de práticas da tradição tântrica (Ribeiro, 2007). Nidra é um termo em sânscrito que significa sono e Yoganidra pode ser traduzido como “sono psíquico” ou “sono lúcido”. De acordo com Saraswati (1962) na Yoganidra o padrão de ondas cerebrais se encontra em alfa, no estado entre o sono e a vigília, em que se pode vivenciar profundo relaxamento, estados visionários, sonho consciente e imagens simbólicas. O Yoganidra propõe a evocação de sensações, visualizações, o uso criterioso da imaginação e organização dos pensamentos.

O Yoganidra de Saraswati possui diferentes níveis: para iniciantes, intermediários e avançados, e dentro desses níveis seguem-se oito passos:

1- Preparação (prastuti) – deitado, o praticante deve sentir seu corpo e os apoios em relação à terra. Focalizar sua atenção no objetivo do Yoganidra, com uma sugestão positiva para si mesmo. Mentalizar que nenhuma parte do seu corpo se moverá e que não dormirá durante a prática. Deve remover todas as preocupações, tensões e conflitos e permitir que sua mente se aquiete.

2- Relaxamento (sithilikarana) – o praticante deve soltar todas as partes do corpo, desde os pés até a cabeça. Com os olhos fechados, deitado em decúbito dorsal, inspirar emitindo o som “sss”” sibilante e expirar emitindo o som de “h”, por cinco minutos.

3- Resolução (sankalpa) – sankalpa pode ser traduzido como uma resolução ou uma determinação que o praticante faz em relação ao seu direcionamento na vida. Deve-se repetir mentalmente a resolução por três vezes usando as mesmas palavras.

4- Rotação de consciência rápida (bahir nyasa)
a) Nyasa externo – o praticante deve tocar mentalmente cada parte do seu corpo seguindo sempre a mesma seqüência.
b) Rotação interna da consciência (antarnyasa) – o praticante deve focalizar sua atenção em cada chakra, visualizando o máximo de detalhes deste (cor, mandala, elemento, etc.), repetindo mentalmente o bija (som semente) de cada chakra.

5- Purificação dos canais sutis com contagem regressiva (nadi sodhana) – sem usar os dedos para tampar as narinas, o praticante deve imaginar o prana (ar, energia) fluindo pela narina esquerda na inspiração e pela narina direita na expiração. Deve começar a contagem de 27 inspirações pela narina direita e, depois, trocar na expiração pela narina esquerda. Depois deve sentir sua respiração natural e espontânea.

6- Visualização de cenários (kalpanika caladdrsya-darsana) – o praticante deve visualizar mentalmente uma seqüência de imagens de reverência, como por exemplo, flores, pássaros, natureza, montanha, igreja, cachoeira, floresta e outros símbolos.

7- Resolução (sankalpa) – a resolução ou determinação deve ser repetida novamente usando as mesmas palavras.

8- Término (samapti) – o praticante volta sua atenção para a passagem do ar pelas narinas. Percebe o espaço onde se encontra e o contorno do seu corpo. Espreguiça o corpo todo, piscando algumas vezes. A prática do Yoganidra está completa.


RIBEIRO, Patrícia. A arte de relaxar: o Yoganidra permanece a ferramenta essencial para recuperar a disposição, melhorar a qualidade do sono e o foco mental. Revista Prana Yoga Journal, n. 5, 22 jun. 2007. Disponível em: http://eYoga.uol.com.br/scripts/materia/materia_det.asp?idMateria=364&idCanal=4 Acesso em: 19 out. 2007.

SARASWATI, Swami Satyananda. Yoga-nidra. Munger, Bihar : Bihar School of Yoga, 1962.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Fractais

Um fractal é um objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente auto-similares e independem de escala. Em muitos casos um fractal pode ser gerado por um padrão repetido.

O fractal remete à idéia de correspondência entre o microcosmo e o macrocosmo que dominava na Idade Média. Segundo Marie Louise Von Franz, no livro A ALQUIMIA E A IMAGINAÇÃO ATIVA, essa idéia é a base arcaica de todas as realizações mágicas da humanidade. A maioria das atividades mágicas (astrologia, geomancia, piromancia, hidromacia, etc) são representações em pequena escala de algo que ocorre simultaneamente na grande escala cósmica.

Imaginação criativa


Imaginação criativa é o tema do meu TCC - trabalho de conclusão do curso de Psicologia.

Os antecedentes históricos do uso terapêutico da imaginação podem ser encontrados na Yoga, no Chi Kung, no Xamanismo, na Cabala, na Alquimia, no Budismo Tibetano e em várias outras linhas de conhecimento.

Vou falar um pouco de algumas delas próximos posts....